O clima é tenso na aldeia Te’ Yikuê, em
Caarapó, após o assassinato de um adolescente indígena, da etnia
Guarani-Kaiowá, ocorrido na noite do último sábado (16).
Conforme já noticiado pelo CaarapoNews, Denilson Barbosa, de 15 anos, foi encontrado morto, com
um tiro na cabeça, em uma estrada vicinal da reserva indígena.
Lideranças ouvidas pela reportagem afirmam que o adolescente, antes de
ser encontrado sem vida, estava na companhia de outros dois colegas e
estariam pescando em um lago, localizado dentro de uma fazenda que faz
divisa com a aldeia.
O trio teria sido surpreendido por três homens armados que teriam sido contratados pelo proprietário da fazenda para cuidar da propriedade. Dois indígenas teriam conseguido fugir, porém, Denilson teria ficado enroscado em uma cerca de arame farpado e acabou sendo pego. Os indígenas acreditam que o menor teria sido torturado e assassinado pelos seguranças da fazenda, pois, segundo eles, havia sinais de agressão em seu corpo.
O trio teria sido surpreendido por três homens armados que teriam sido contratados pelo proprietário da fazenda para cuidar da propriedade. Dois indígenas teriam conseguido fugir, porém, Denilson teria ficado enroscado em uma cerca de arame farpado e acabou sendo pego. Os indígenas acreditam que o menor teria sido torturado e assassinado pelos seguranças da fazenda, pois, segundo eles, havia sinais de agressão em seu corpo.
Informações apuradas pelo CaarapoNews
dão conta que na propriedade existem criadouros de peixes, que
constantemente vinham sendo furtados e devido a isso o proprietário
teria contratado seguranças para cuidar do local. Porém, não se sabe se
teria sido esse o motivo da morte do menor.
Em um primeiro momento imaginou-se que o indígena teria
sido atropelado, pois no local do crime havia marcas de que um veículo
teria passado sobre seu corpo, fato esse que foi descartado após a
perícia localizar o ferimento ocasionado, provavelmente, por um revolver
calibre 38.
Revoltados, no início da noite de domingo, dezenas de
indígenas foram até a sede da fazenda e ameaçavam invadir a residência e
linchar o proprietário, identificado como Orlandino Carneiro Gonçalves,
que teria acionado as autoridades do município.
Equipes da Funai, Polícia Federal, Força Tática e Polícia
Militar de Caarapó estiveram no local para garantir a integridade do
fazendeiro e sua família. Na tarde desta segunda-feira os indígenas, que
seguem acampados na fazenda, enterraram o corpo do menor na
propriedade, que de acordo com estudos antropológicos, seria área de
demarcação indígena. A reportagem tentou contato com o proprietário da
fazenda, mas até o momento não obteve êxito.
No início dessa noite, o protesto ganhou repercussão
nacional após a publicação de uma nota do conselho Aty Guasu (Grande
Assembleia) dos Guarani-Kaiowá, cobrando investigação do caso por parte
da Polícia Federal.
Confira a nota na integra abaixo:
Infelizmente, é com muito pesar, nós
conselho da Aty Guasu guarani e Kaiowá, vimos a todos (as) AUTORIDADES E
CIDADÃOS DO BRASIL E DO MUNDO comunicar que ontem um grupo indígenas
Guarani-Kaiowá foram atacados e violentados pelos pistoleiros das
fazendas da região de Caarapó-MS. Um adolescente foi assassinado a
tiro-bala pelos homens das fazendas, localizada próxima da
Reserva/Aldeia Tey'i kue/Caarapo, município de Caarapó-MS.
Hoje (18/02/2013) mais de duas centenas
de Guarani-Kaiowá enterraram o corpo do menino no local em que foi
assassinado. Esse lugar é terra Guarani-Kaiowá tradicional reivindicada
pelos indígenas que está em estudo antropológico, há anos. Diante do
fato de violência antiga contra as vidas dos indígenas Guarani-Kaiowá,
hoje à tarde, mais de 200 Guarani-Kaiowá tentam reocupar o tekoha e
permanecerem no lugar, fazendo protesto contra as violências contra as
vidas Guarani e Kaiowá, pedindo a JUSTIÇA. Está tenso no local em que começou o protesto passivo dos Guarani e Kaiowá. Os agentes da PF e FUNAI foram no local ontem e hoje.
Por
fim, mais uma vez, solicitamos a investigação do fato pela Polícia
Federal e pedimos a presença permanente de seguranças federais no local.
A comunidade Guarani e Kaiowá já decidiu em permanecer em protesto
nesse tekoha guasu onde foi assassinado o menino Kaiowá. Entorno de
tekoha reocupada em protesto já começou movimento dos pistoleiros. O
risco de ataque dos pistoleiros é iminente.
Amanhã, retornaremos a comunicar a todos (as).
Amanhã, retornaremos a comunicar a todos (as).
Tekoha Guasu Guarani e Kaiowá, 18 de fevereiro de 2013.
Conselho da Aty Guasu Guarani e Kaiowá contra genocídio